Conforme elucida Leonardo Siade Manzan, em diversos países, especialmente em economias emergentes como o Brasil, a complexidade do sistema tributário tem sido apontada como um dos principais entraves ao crescimento econômico e à competitividade. O excesso de normas, alíquotas diferenciadas e obrigações acessórias resulta em um ambiente de negócios oneroso e inseguro. Agora, é hora de ir atrás da simplificação dos sistemas tributários.
Nesse contexto, a simplificação tributária aparece como uma meta prioritária nas agendas de reforma fiscal, buscando não apenas facilitar o cumprimento das obrigações pelas empresas, mas também aumentar a eficiência da administração pública na arrecadação. A unificação de tributos — como se propõe no caso brasileiro com a criação de um imposto sobre valor agregado (IVA) — promete reduzir a sobreposição de competências e a litigiosidade tributária, tornando o sistema mais transparente e previsível.
Como a unificação de tributos pode ajudar na simplificação dos sistemas tributários?
A unificação de impostos, como ICMS, PIS, Cofins e ISS em um único tributo, representa uma das principais apostas para simplificar o arcabouço tributário. Essa medida visa eliminar a fragmentação atual, que impõe diferentes regras de apuração e pagamento conforme a esfera governamental (municipal, estadual e federal). Ao reduzir o número de tributos e consolidar a base de cálculo, torna-se mais fácil para empresas e profissionais entenderem e cumprirem suas obrigações.
Além disso, Leonardo Siade Manzan explica que a unificação facilita o monitoramento das operações e tende a diminuir as divergências interpretativas que hoje resultam em disputas judiciais frequentes. No entanto, sua implementação requer uma transição cuidadosa e bem planejada para evitar choques no curto prazo.
De que forma a digitalização contribui para a simplificação tributária?
A transformação digital dos processos fiscais é outro pilar importante da reforma tributária. Sistemas eletrônicos de emissão de notas fiscais, escrituração digital e cruzamento automático de dados já fazem parte da realidade em vários países. No Brasil, iniciativas como o SPED (Sistema Público de Escrituração Digital) têm modernizado a relação entre contribuintes e o fisco.

Segundo Leonardo Siade Manzan, a digitalização dos processos tributários traz uma série de benefícios que vão muito além da simples automação. Ela permite maior agilidade na apuração de tributos, reduz significativamente a incidência de erros manuais e minimiza o risco de fraudes, fatores que impactam diretamente na segurança fiscal e na conformidade das empresas. Além disso, gera uma considerável economia de tempo e de recursos financeiros, permitindo que as organizações sejam mais eficientes e competitivas.
Para os profissionais da área tributária, esse avanço tecnológico representa uma transformação profunda na rotina de trabalho. Atividades antes extremamente operacionais, como conferência de documentos, lançamentos manuais e cruzamento de informações, dão lugar a processos automatizados e integrados.
Com isso, os especialistas passam a ter mais tempo e ferramentas para se dedicarem a atividades de maior valor agregado, como a análise estratégica, o planejamento tributário, a identificação de oportunidades de economia fiscal e a antecipação de riscos. A tomada de decisão torna-se cada vez mais orientada por dados precisos e atualizados em tempo real, elevando o papel do profissional tributário a um patamar mais consultivo, analítico e estratégico dentro das organizações.
A simplificação reduzirá a carga tributária das empresas?
Embora a expectativa de muitos empresários seja de uma carga tributária menor após a simplificação, esse não é, necessariamente, um efeito automático da reforma. A simplificação visa tornar o sistema mais eficiente e menos burocrático, mas a carga tributária total depende de decisões políticas relacionadas à alíquota dos novos tributos e à redistribuição da arrecadação entre os entes federativos.
Para Leonardo Siade Manzan, é possível que, em alguns setores, a carga se eleve, enquanto em outros diminua, conforme as novas regras forem implementadas. Por isso, a reforma exige atenção redobrada por parte das empresas e profissionais de contabilidade e tributos, que precisarão avaliar os impactos específicos em suas operações.
Diante desse cenário de transformação, os profissionais da área tributária e contábil devem adotar uma postura proativa. Leonardo Siade Manzan pontua que a capacitação contínua será essencial para acompanhar as mudanças legais, entender os novos modelos de apuração e utilizar as ferramentas digitais com eficiência. Em resumo, mais do que acompanhar a reforma, será necessário liderar a adaptação a um novo paradigma tributário: mais enxuto, digital e exigente.
Autor: Grogunn Dithas